A capacidade intelectual da criança é proporcional a boa alimentação |
Dra. Jocelem Mastrodi Salgado A cada ano milhares de crianças entram na escola e começam um período de educação que se prolonga por muitos anos e promove profundas influências nas suas vidas. A criança quando chega à escola, está alerta, disposta a se desenvolver física e mentalmente. Muitas tem os olhos radiantes e claros, cabelos penteados, brilhantes, associados com saúde e pele saudável. Mas, infelizmente, esta descrição não se aplica a todas as crianças. Algumas são descuidadas, com olhos e cabelos opacos e pele áspera, características geralmente associadas com má alimentação. O crescimento de algumas dessas crianças é limitado; outras são frágeis e tornam-se fatigadas e não participam integralmente das atividades intelectuais e físicas. A alimentação atua diferentemente no crescimento e desenvolvimento, no modo de olhar e sentir, na energia despendida no trabalho e nos jogos e na expectativa de vida. A nutrição inadequada é um obstáculo à aprendizagem. A criança má nutrida não pode participar das atividades escolares como deveria se estivesse bem alimentada. A capacidade intelectual é, portanto, proporcional a uma boa alimentação, a uma boa nutrição. COMO ALIMENTAR A CRIANÇA EM FASE ESCOLAR A desnutrição é reconhecida como problema econômico social que atinge elevado contingente da população infantil dos países subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento, entre os quais situa-se o Brasil. Em nosso país, a desnutrição começa no útero. O que se observa é que grande parte das gestantes não consome dietas balanceadas próprias para esse estágio fisiológico. Assim, o recém nascido nasce muitas vezes com baixo peso e desnutrido e não encontra condições de recuperação na fase pós-natal para superar o problema, já que muitas vezes os fatores sócio-econômicos do seu ambiente familiar e comunitário não lhe dão condições de sobrevivência. Isso explica a alta mortalidade nos primeiros anos de vida, sendo portanto o desnutrido um marginal da concepção à morte. Para evitar esse quadro de desnutrição, o organismo humano necessita receber através da alimentação 40 a 45 elementos muitos importantes, que são necessários em forma balanceada. Na criança, quando há falta de nutrientes, todas as suas funções são prejudicadas, o que resulta na vida adulta, um indivíduo menos produtivo e incapacitado para determinadas atividades. Se na idade escolar a criança ficar desnutrida ou já trouxer seqüelas provenientes da alimentação anterior, sua capacidade de aprendizagem será reduzida. E dados mostram que aqui no Brasil a porcentagem de crianças que vão à escola sem terem feito um bom café da manhã chega em média a 30-40%. E isso não ocorre somente nas classes menos favorecidas. O mau hábito alimentar por falta de informações é muito comum. Muitas vezes uma família tem condições de oferecer uma alimentação mais equilibrada, mas ao invés disso dá à criança, pela manhã, o usual café com leite que pouco significa em termos de nutrição. A alimentação deficiente reduz a glicose do sangue provocando debilidade orgânica e irritação do sistema nervoso durante as aulas. Isso faz com que o escolar ora se torne apático ora irriquieto ou desatento, principalmente nas últimas horas de aula, antes da próxima refeição. Essa situação reduz drasticamente seu aproveitamento na escola. As crianças pobres e desnutridas chegam assim ao "grau zero" de aproveitamento escolar com a alimentação caseira; se a isso acrescentarmos uma alimentação regular, o grau de aproveitamento sobe para uma hora e se proporcionarmos a esse mesmo escolar uma alimentação rica e concentrada em vitaminas e minerais, frutas, verduras e hortaliças seu aproveitamento será então total, para um período de oito a doze horas. Os nutrientes mais eficientes e que aumentam a capacidade intelectual são: sais minerais, vitaminas do complexo B, proteínas completas de origem animal (carne, ovos, leite, queijo) e água. Um café da manhã ideal deveria conter: um copo de leite engrossado com alguma farinha láctea, uma fatia pequena de mamão ou outra fruta, uma fatia de queijo e duas fatias de pão de forma ou meio filãozinho. As crianças nessa idade precisam comer um ovo por dia, ou no mínimo 3 por semana. Se esse ovo não for ingerido pela manhã, deverá ser consumido no almoço. Entre o café da manhã e o almoço (bem longe desse último para não atrapalhar o apetite) pode ser feito um pequeno lanche composto de uma fatia de queijo, uma fruta ou um iogurte. Da mesma forma, um pequeno lanche pode ser feito entre o almoço e o jantar. É preciso variar a alimentação das crianças para criar bons hábitos alimentares, incluindo proteínas animais: leite, ovos, carne, peixe, galinha, vísceras (fígado, rins, coração, etc...) e origem vegetal (hortaliças, cereais e frutas). Cereais e leguminosas são também ricos em proteínas e juntamente com frutas e hortaliças constituem fontes de minerais e fibras. É importante também que a maior parte de carboidratos (açúcar, farinha) seja fornecida sob a forma de cereais integrais, vegetais e frutas. Assim, os doces podem ser oferecidos somente como sobremesa, devendo eliminar o refrigerante e sucos artificiais, substituindo-os por sucos de frutas naturais e leite. Os enlatados e os alimentos em conserva são contra indicados, pois contém aditivos químicos ( conservantes e corantes) . Para variar o cardápio das crianças nada como iogurte ou queijo, principalmente para aquelas que não gostam do leite natural. Da mesma forma, a manteiga e a margarina (principalmente enriquecida com vitamina A e D) são fontes de gordura. A EDUCAÇÃO NUTRICIONAL DA CRIANÇA ESCOLAR Se o estado nutricional é importante para a aprendizagem, a educação nutricional deve ser ministrada em tempo, quando ainda são possíveis as modificações na conduta e práticas alimentares. Muitos educadores acreditam que mudanças nos hábitos alimentares de crianças de idade escolar são mais facilmente influenciáveis nos primeiros anos de escola. Entretanto, as escolas hoje dão apenas informações superficiais. Pouca atenção é dada ao desenvolvimento e manutenção de bons hábitos alimentares. Alguns professores, com conhecimentos e interesse em educação nutricional, fornecem boas experiências com alimentos para suas classes. Entretanto, este é um trabalho de iniciativa própria, muitas vezes incompleto. O problema reside no fato de que muitos administradores acreditam que a nutrição é responsabilidade somente dos pais e por outro lado, muitos pais acham que a escola tem obrigação de tornar a alimentação disponível e orientar a criança a comer uma variedade adequada de alimento. Todos estão equivocados, pois a educação nutricional para promover a formação e a manutenção de hábitos alimentares corretos deve ser de ambos, escolas e pais. À família caberia o papel de oferecer a criança uma dieta diversificada, estimulando a criança a comer os mais variados tipos de alimentos. À escola caberia o papel de ensinar a importância dos alimentos para a saúde e orientar os pequenos sobre as mensagens publicitárias que muitas vezes deformam os hábitos de consumo, além do oferecimento de uma merenda saudável. ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES Veja agora o que fazer para proporcionar à criança bons hábitos alimentares e com isso conseguir dela um melhor desempenho escolar, que irá se refletir por toda sua vida:
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terça-feira, 7 de setembro de 2010
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"É necessário que o professor deixe de ser um mero conferencista e estimule a pesquisa e o esforço, em vez de se contentar com a transmissão de soluções já prontas".
PIAGET
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